Neste post, gostaríamos que vocês conhecessem o processo de reciclagem de diversos países, em especial, da Bélgica, cujo sistema de reciclagem e gerenciamento de lixo é considerado o melhor do mundo.
Destaques no processo de reciclagem de alguns países
Alemanha: localizada na Europa Central, com 357.021 km2 e quase 83 milhões de habitantes, a Alemanha é líder em tecnologias e políticas de resíduos sólidos, e registra os índices de reaproveitamento mais elevados do mundo.
Entre 2002 e 2010, o volume de resíduos sólidos gerados na Alemanha caiu 6,8%; ou seja, os alemães deixaram de gerar 3,6 milhões de toneladas de resíduos, e em 2011, 63% dos resíduos gerados foram reciclados (46% por reciclagem e 17% por compostagem).
Oito em cada dez quilos do lixo não reaproveitado são incinerados e gera energia.
Várias universidades oferecem formação acadêmica em gestão de resíduos e cursos técnicos profissionalizantes em reciclagem.
Toda essa performance possibilitou reduzir aos atuais 200 os antigos 50 mil lixões e aterros sanitários que existiam no país em 1970.
Japão: com sua pequena área territorial de 372 mil km2 e população de 127 milhões de pessoas, caracterizada como a terceira maior densidade demográfica entre os países com grande população, reduzir o volume de resíduos levados aos aterros no Japão era questão de sobrevivência.
A incineração foi uma das formas encontradas para o problema do lixo, e a produção de garrafas PET, a partir de 100% de resina reciclada, foi outra.
Após 1970, quando entrou em vigor a Lei de Gestão dos Resíduos no Japão, melhorias no transporte do lixo foram implementadas com um sistema de estações de transferência e compactação, onde o lixo passa de caminhões pequenos ou médios para veículos coletores maiores.
Nas usinas de incineração do lixo, que chegam a processar 200 toneladas diárias, desde 1997 as emissões de dioxinas e outros poluentes foram reduzidas em 98%, e a energia gerada consumida na própria cidade.
Suécia: país localizado na península Escandinava da Europa do Norte, com 407,3 mil km2 e pouco mais de 10 milhões de habitantes, a Suécia investiu na coleta subterrânea a vácuo, onde lixeiras públicas, conectadas a tubos subterrâneos, levam os resíduos da sua origem até as áreas de coleta a uma velocidade de 70 km/h.
Ao chegarem à central, os resíduos são separados e compactados em contêineres, de onde seguem para reaproveitamento, compostagem e/ou incineração. O ar que circula no sistema de tubos passa por filtros antes de retornar à atmosfera. Na capital Estocolmo, 100% das residências contam com a coleta seletiva.
Como vantagem agregada, esse sistema não mistura os diferentes tipos de resíduos durante a coleta, permite grande redução no número de caminhões de lixo em circulação, redução na poluição sonora e atmosférica e economia de 30% a 40% nos gastos municipais com o serviço de coleta.
O processo de reciclagem na Bélgica
Ocupar a primeira posição no ranking de melhor sistema de reciclagem e gerenciamento do lixo é motivo de orgulho para todos os belgas.
O país, localizado na Europa ocidental, com 30,5 mil km2 e população superior a 11 milhões de habitantes, é formado por três regiões: Flandres, Valônia e Capital-Bruxelas, que possuem governos autônomos e cada uma delas possui um sistema de recolhimento de lixo diferente.
Essa mistura de “coisas”, na visão de alguns brasileiros, dificultaria o processo de reciclagem, mas não! A região de Flandres, que fica no norte do país, é a que apresenta a maior taxa de triagem de lixo de toda a Europa.
Em 1994, foi criada a empresa Fost Plus, responsável por promover, coordenar e financiar a coleta seletiva, a triagem e a reciclagem de resíduos domésticos de embalagens em toda a Bélgica.
Todos os anos, são recicladas cerca de 680.000 toneladas de embalagens, ou quase 90% de todas as embalagens que chegam ao mercado belga.
As empresas que colocam no mercado produtos domésticos embalados pagam para a Fost Plus uma contribuição anual, com base na quantidade e no tipo de embalagem utilizada. A Fost Plus utiliza essa contribuição, somada ao faturamento resultante da venda do material reciclado, para financiar todo o processo de reciclagem belga.
Um site, disponibilizado pela empresa, divulga todas as informações e orientações necessárias ao processo: tipos e cores de sacos de lixo a ser utilizado, regras de classificação sobre o que é ou não permitido, agenda das coletas, vídeos educacionais, campanhas, treinamentos gratuitos em escolas de nível básico e médio, etc
A empresa também financia e coordena:
- a coleta porta-a-porta de PMD (metais, plásticos e papeis) por meio de saco de coleta na cor azul;
- a coleta de vidro através das caixas de reciclagem ou no porta-a-porta;
- a coleta porta-a-porta de papel-cartão;
- a coleta desses e de outros materiais de embalagem em centros de reciclagem, similares aos nossos ecopontos, porém com disponibilização de contêineres específicos para cada tipo de material, que inclui plásticos duros, filmes plásticos, isopor e pequenos resíduos perigosos, que não são tolerados nos sacos de PMD de cor azul.
Nos sacos PMD de cor azul somente é permitido:
- Embalagem de metal – incluindo sprays de alimentos e cosméticos, pratos de alumínio, pratos e bandejas, tampas de metal
- Garrafas plásticas e frascos – as garrafas de plástico devem ser tampadas após amassadas para ganhar espaço, e
- Embalagens longa vida, sacos de papel e caixas de papelão, revistas, jornais, publicidade, livros, papel para escrever e imprimir.
O tamanho máximo de um item de embalagem colocado é de 8 litros, e não são permitidas:
- Embalagens com tampas de segurança
- Embalagens de produtos tóxicos
- Potinhos de iogurte ou manteiga
- Papel alumínio, entre outros
Esses itens são proibidos porque oferecem risco à saúde dos trabalhadores durante a triagem ou comprometem o processo de reciclagem, sendo descartados de maneira diferenciada.
O processo de descarte exige cuidado e atenção na sua classificação, pois se no momento da coleta, no saco de cor azul, for identificado algum resíduo não permitido, um adesivo vermelho é colado e o saco é desconsiderado. Seu gerador deverá reavaliar, retirar o item de embalagem indevida e recolocá-lo na próxima coleta. Se não o fizer, poderá ser multado.
Ao conhecer um pouco dos processos de reciclagem dos países acima, já podemos identificar o valor que agrega ao desenvolvimento sustentável de um país. Sem dúvida, tratam-se de exemplos a serem buscados!