Neste canal, já falamos sobre como funciona uma cooperativa de catadores de lixo, sua estrutura, operação, etapas do processo produtivo e também sobre os equipamentos necessários para seu funcionamento.
Hoje, queremos abordar como surgiram as cooperativas e as dificuldades que essas organizações enfrentam para realizar seu trabalho.
O surgimento da atividade de coleta de resíduos sólidos
Nos anos 90, por conta do processo de globalização, as fábricas passaram a substituir a mão de obra humana por máquinas, o que gerou grande desemprego e fez com que parte desses trabalhadores desempregados buscassem sobrevivência – migrando para o trabalho informal.
Entre as atividades mais buscadas por eles, encontrava-se a de catador de materiais recicláveis, surgindo então a atividade nesse cenário de desemprego.
Embora gerasse renda, esse trabalho permaneceu à margem da cadeia produtiva dos materiais recicláveis, expondo seus trabalhadores a condições de trabalho precárias.
Na busca por solução, alguns instrumentos legais foram criados para instituir diretrizes que orientassem a gestão dos resíduos sólidos e fortalecesse as associações e cooperativas de catadores de lixo, entre as quais, podemos citar o reconhecimento da atividade “Catador de Material Reciclável” na Classificação Brasileira de Ocupações – CBO em 2002, sob o código 5192-05, e a Política Nacional dos Resíduos Sólidos – PNRS, de 2010.
Como funciona a cooperativa de catadores de lixo, sua principal função e responsabilidade
A cooperativa de catadores é uma organização social, cuja principal função é revalorizar os resíduos sólidos de forma a obter renda e promover o desenvolvimento social.
No funcionamento de uma cooperativa de materiais recicláveis predominam as seguintes atividades diárias: 1) coletar e dar entrada do material na cooperativa, 2) selecionar, separar e armazenar o material conforme tipo e característica, 3) prensar e enfardar o material por tipo, seguindo o padrão e características recebidas da indústria recicladora e 4) vender e transportar o material reciclado.
A PNRS propõe que seja facilitado o acesso aos recursos federais para os municípios que inserirem os catadores de lixo ao seu gerenciamento de resíduos sólidos.
Dificuldades das cooperativas
O Brasil produz volume de resíduos sólidos semelhante ao dos países desenvolvidos, mas nosso padrão de descarte é semelhante ao dos países pobres.
Segundo informou no relatório Panorama 2017, publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE, “75% dos brasileiros revelou não separar seus resíduos em casa, e menos da metade da população diz saber que alumínio, papel e PET são materiais recicláveis”.
Como consequência a esse desconhecimento, é comum que as cooperativas de catadores de lixo recebam resíduos orgânicos (restos de comida) e resíduos de serviços de saúde misturados a materiais potencialmente recicláveis, sendo o recebimento de resíduos indevidos a principal dificuldade relatada pelas cooperativas.
A falta de capacidade de organização e cooperação entre todos os participantes da cadeia produtiva de resíduos sólidos é outra dificuldade identificada.
Há espaço para melhorias na conscientização da comunidade e no apoio do Poder Publico.
Melhorias na infraestrutura e logística para apoiar a atividade e a elaboração de programas e campanhas de educação ambiental eficientes para a comunidade, levando conscientização sobre a importância do descarte seletivo, são algumas sugestões.
Após conhecer um pouco mais sobre como funciona a cooperativa de resíduos recicláveis, que tal iniciarmos a transformação em nossa casa, reservando dois recipientes com a finalidade de separar os resíduos orgânicos dos demais materiais recicláveis descartados?
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