O desmatamento tem avançado no Brasil, contrariando o desejo e expectativas de diferentes órgãos públicos, como o Ibama, responsável pela fiscalização ambiental, ICMBio, a quem cabe cuidar das unidades de conservação, ministérios públicos, governos estaduais, municipais e Ministério do Meio Ambiente.
Para se ter uma ideia da dimensão desse desmatamento, considere que, em 2017, perdemos o equivalente a 40 campos de futebol de florestas tropicais por minuto, e, portanto, a confiabilidade dos dados levantados é o principal ingrediente na busca por solução para esse problema e primordial para o planejamento das políticas públicas.
Mas não devemos nos enganar, pois monitorar, administrar e planejar as ações que impeçam o desmatamento ilegal em um País como o nosso, de tamanho continental, convenhamos, não é uma tarefa fácil. Contudo, não é impossível de ser feito, como veremos logo mais abaixo.
Como é feita atualmente o monitoramento do desmatamento?
A grande extensão das áreas compreendidas pelas nossas florestas nativas faz com que as imagens de satélites e os sistemas de georreferenciamento sejam imprescindíveis no fornecimento de dados para o monitoramento dessas áreas.
O Brasil possui atualmente 11 sistemas ativos de alerta para desmatamento; dentre eles, o mais importante é o Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia), operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, que fornece índices anuais de desmatamento desde 1988.
São diversos sistemas de monitoramento que apresentam dificuldades relacionadas à falta de integração entre elas, e por possuir diferentes escalas, múltiplas abrangências, diferentes periodicidades de informações, algumas redundâncias e sobreposições de dados que exigem esforço combinado entre tecnologia e análises comparativas manuais para chegar-se a um diagnóstico.
Isso impede a precisão de dados sobre as áreas desmatadas e identificação de tratar-se, ou não, de mata nativa, terra indígena ou área de preservação, bem como o tamanho da área desmatada, se o desmatamento é legal, ilegal, regular ou irregular (a irregularidade ocorre quando o proprietário da terra desmata parte dela por estar em local permitido por lei, porém sem a autorização formal para fazê-lo).
Esse processo apresenta lentidão até que os fatos sejam apurados, evidenciados e os responsáveis identificados e punidos de acordo com a lei.
O governo, então, buscou uma ferramenta, através de uma parceria, com o objetivo de otimizar esse monitoramento, implementando maior agilidade na identificação do desmatamento e automatização da análise para que as ações decorrentes possam também ser agilizadas.
MapBiomas – uma nova ferramenta para conter o desmatamento ilegal
Em 21/03/2019, o Ministério do Meio Ambiente – MMA fechou uma parceria com o MapBiomas, uma iniciativa da SEEG/OC (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima), que define o projeto da seguinte forma:
“O Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo do Brasil é uma iniciativa que envolve uma rede colaborativa com especialistas nos biomas, usos da terra, sensoriamento remoto, SIG e ciência da computação, que utiliza processamento em nuvem e classificadores automatizados desenvolvidos e operados a partir da plataforma Google Earth Engine para gerar uma série histórica de mapas anuais de cobertura e uso da terra do Brasil.”
A organização desse projeto considerou coordenações por Bioma e por Temas Transversais.
Por Bioma, terá as seguintes coordenações: Amazônia (IMAZON), Caatinga (UEFS e APNE), Cerrado (IPAM), Mata Atlântica (ArcPlan e Fundação SOS Mata Atlântica), Pampa (UFRGS) e Pantanal (ArcPlan e Fundacao SOS Pantanal).
A organização por Temas Transversais terá: Pastagem (LAPIG/UFG), Agricultura (Agrosatélite), Zona Costeira (Instituto Tecnológico Vale/Solved) e Áreas Urbanas (Terras).
Esse projeto permite obter a agilidade e automação desejada no monitoramento do desmatamento, e, portanto, a interpretação dos dados feita atualmente pelos órgãos responsáveis, quando dos alertas de desmatamento emitidos pelo sistema atual de monitoria, será coisa do passado.
Através do MapBiomas, utilizando base em inteligência artificial, algoritmos classificam as imagens recebidas de satélites, identificam o tipo de cobertura do solo (florestas, plantações, pastagens, áreas degradadas) e as compara contra versões de imagens anteriores, acessando um histórico daquele pedaço de terra desde 1985.
De maneira automática, através do acesso a outras bases de dados, o sistema consegue identificar se a área de desmatamento encontra-se no perímetro de uma fazenda, em uma terra indígena ou em uma unidade de conservação, e tipifica o alerta gerado, de forma a produzir e orientar as ações competentes, sem a necessidade de análise manual – sobre a qual falamos anteriormente.
A automação poderá chegar até a emitir e enviar multas cabíveis pela infração praticada, direta e automaticamente aos responsáveis.
É um sistema em plataforma única, aberta e gratuita, que oferece alternativas de configuração para acesso aos dados, de acordo com a necessidade dos órgãos públicos.
Se esse assunto te interessa, e se quiser saber mais informações, acesse www.mapbiomas.org